Sabe como algumas pessoas reclamam de ter que "perder tempo" com preliminar na hora do sexo? Bom, esse não é um problema para o macho Aranha-de-Darwin (Caerostris darwini).
Encontradas apenas em Madagascar, o macho utiliza as peças bucais para excitar a genitália da fêmea antes da cópula, e ele leva isso muito a sério: além de ser algo obrigatório (observado em toda cópula registrada), a atenção oral pode acontecer até 100 vezes a cada encontro, acontecendo antes e depois da fertilização.
Macho estimulando a fêmea
Ainda há dúvidas sobre a razão deste comportamento extremamente raro em aracnídeos (foi observado em apenas espécies do gênero Latrodectus, as viúvas negras - embora não tenha sido bem documentado nessas espécies); o motivo mais provável de acordo com os pesquisadores seria de que os machos usam essa técnica para demonstrar que são potenciais parceiros para reproduzir. Ainda pode haver enzimas presentes na saliva que auxiliem na transmissão de esperma ou que impeçam o sucesso de esperma depositados por outros machos.
O dimorfismo sexual nessa espécie é discrepante: as fêmeas tendem a ser 4x maiores que os machos, e por isso eles desenvolveram técnicas para monopolizar a fêmea e garantir a perpetuação de seus genes, como prendê-las com teia durante a cópula, fazer guarda próximo à elas e impedir que outro macho se aproxime e inclusive "quebrar" uma peça da própria genitália dentro da genitália da fêmea, para impedir que outro macho consiga copular. Essas técnicas reforçam a teoria de que o sexo oral tão bem desempenhado por essa espécie seja para garantir o acasalamento e impedir que a fêmea seja fecundada por outro macho.
Dimorfismo sexual: a fêmea (embaixo) pode chegar a 20 milímetros enquanto o macho (em cima) chega a míseros 6 milímetros. Credito: Biological Institute ZRC SAZU
Mais estudos ainda são necessários para entender inteiramente esse comportamento, mas uma coisa é certa: as fêmeas não parecem fazer objeção alguma com relação a receber este estímulo oral; mesmo sendo animais muito agressivos, elas permitem que o macho faça todo o ritual que ele executa mesmo se não conseguir copular com elas posteriormente, embora elas se mostrem amantes "ingratas": comem - literalmente - o macho após a cópula, utilizando o alimento como energia para a maturação do ovos. Quanto menor o macho, maior as chances dele ser devorado sem conseguir fecundar a fêmea (ou seja, para essa espécie o tamanho importa). E você achando que as mulheres humanas eram exigentes na cama, não é mesmo?
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